segunda-feira, 31 de janeiro de 2011

Um punhal em nossas mãos...

Você seria capaz de cravar um punhal no coração da sua mãe, da sua esposa, do seu marido, do seu filho ou da sua irmã?

Talvez a pergunta tenha lhe causado um grande choque. Quase podemos adivinhar a resposta de alguns: "eu jamais seria capaz de fazer uma coisa dessas a ninguém, muito menos às pessoas que amo".

É provável que aqueles que deram essa resposta estejam certos. Mas, ainda assim, vamos refletir um pouco mais sobre o assunto.

Você diz que nunca cravaria um punhal no coração da sua mãe, no entanto, cada vez que a agride com palavras amargas, você a mata um pouquinho.

Toda vez que você fica indiferente aos seus nobres conselhos, o seu coração enternecido morre um pouco.

Cada vez que você sai, sem dizer para onde vai, e volta altas horas da madrugada, a vitalidade da sua mãezinha vai se apagando junto com as horas de vigília e preocupação madrugada a dentro...

Quando você, por se achar mais esperto e moderno que seus pais, resolve enveredar pelo caminho das drogas, eles morrem, dia após dia, pela incerteza do futuro que o aguarda e pela dor que sentem no próprio peito a cada tragada ou picada que você se permite.

Toda vez que sua ingratidão fere o coração de seus pais, esteja certo de que você os está matando, ainda que não traga nas mãos nenhum punhal.

Mas você afirma que não teria coragem de matar sua esposa.

No entanto, cada vez que não percebe os apelos silenciosos nos seus olhos suplicantes, você a está matando um pouquinho.

Toda vez que não se envolve na educação dos filhos, mesmo diante da sua insistência, e prefere assistir ao telejornal, fazendo-se surdo-mudo, ela morre um pouquinho.

Quando você fica indiferente aos esforços que ela faz para lhe agradar, preparando sua comida predileta ou uma surpresa agradável, é como se cravasse em seu peito um punhal.

Cada vez que você alega excesso de serviço para não acompanhá-la ao médico ou a uma festa na escola dos filhos, a sensação de estar só destrói um pouco a sua vitalidade.

Quantas vezes você já não cravou o punhal da indiferença no coração do seu esposo?

Quantas vezes você matou seus sonhos, que eram o sustento dos seus dias, fazendo-se fria aos seus carinhos para buscar, noutros braços, a ilusão de uma aventura passageira?

Mas você também assegura não ser capaz de dilacerar o coração do seu filho com arma alguma. No entanto, quando ignora suas necessidades de carinho, atenção, respeito e educação, você o está envenenando da forma mais cruel.

Quando nega a seu filho a proteção de um lar sólido, harmonioso, capaz de fazê-lo sentir-se amparado, seguro e amado, a pretexto de não estragar a sua felicidade, estará levando aos lábios dele a taça envenenada com o fel do egoísmo, capaz de provocar-lhe morte lenta e dolorosa.

Assim, vale pensar nessas outras formas de violências, veladas, que muitas vezes promovemos sem perceber.

A ingratidão, a indiferença, as palavras amargas, a infidelidade, o desrespeito, as chantagens emocionais, são causadores de muitas mortes lentas e muito mais doloridas que um punhal cravado no peito.

Talvez você nunca tenha parado para pensar a esse respeito, mas essa é a dura realidade.

Nossos afetos também morrem de desgosto.

Por todas essas razões, comecemos agora a prestar atenção em nossas ações e esforcemo-nos para fazer aos outros o que gostaríamos que eles nos fizessem. Eis uma receita infalível, recomendada por Cristo, há muitos séculos.

Pense nisso!

Seja você alguém sempre atento às pessoas que fazem parte da sua história da vida.

Aprenda a sentir as súplicas, muitas vezes veladas, daqueles que estão mais próximos.

Ouça seus apelos mais secretos, pois só assim conseguirá a sublime ventura de construir a felicidade do seu próximo e, por conseguinte, a própria felicidade.

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