O arqui-inimigo de Deus tambem estava agindo em meio ao terrivel sofrimento de Jesus no Getsêmani. A principio, o ser mais exaltado criado por Deus, satanás, havia liderado uma rebelião contra o Deus dos céus nos tempos pré-históricos. A Bíblia não nos dá detalhes, mas os misteriosos odes ao rei da Babilônia, em Isaias 14, e ao rei de Tiro, em Ezequiel 28, aparentemente contêm alusões à queda da criatura tenebrosa que estava manipulando esses reis para os seus propósitos sinistros. O príncipe das trevas odiava sem qualquer dúvida a Jesus, porque ele sabia dos dois propositos da missão de Jesus: "salvar o seu povo dos seus pecados" (Mateus 1:21) e "destruir as obras do diabo" (1 João 3:8). Não creio que o diabo e seus demônios se regozijaram quando Jesus estava sendo pregado na cruz. Eles queriam que Ele morresse, mas não crucificado. Eles sabiam que se Cristo suportasse a cruz, Ele estaria pagando o preço do pecado e quebraria com isso o poder da morte. O principe das trevas sem duvida estava por detrás da ordem do rei Herodes de matar todos os bebês em Belem (mateus 2:16). É possivel que ele tambem tentou matar Jesus no Getsêmani, quando a dor interior foi tão grande que "o seu suor era como gotas de sangue que caíam no chão" (Lucas 22:44). Mas parece que o inimigo de Deus gastou a maior parte de sua energia em tentativas repetidas de evitar que Jesus cumprisse um sacrificio perfeito. Este foi claramenteo seu alvo quando ele e Jesus, num momento divinamente marcado, se confrontaram no deserto. Depois de descrever o batismo de Jesus, Marcos disse: "logo após, o Espirito o impeliu para o deserto. Ali esteve quarenta dias, sendo tentado por satanás" (Marcos 1:12-13). A primeira tentação da qual ouvimos falar veio depois que Jesus esteve no deserto, sem comer, por quarenta dias. Sabendo que Jesus estava extremamente faminto, satanás se aproximou dele: " Se és o Filho de Deus, manda que estas pedras se transformem em pães" (Mateus 4:3). Ele impeliu Jesus a demonstrar o seu próprio poder, sem tomar em conta a vontade do Pai. Jesus respondeu, citando Deuteronômio 8:3 "nem só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus".
Em Deuteronômio, Moisés estava lembrando os israelitas de que Deus os havia humilhado, fazendo-lhes necessário viver do maná, em lugar de uma comida que eles mesmos pudessem prover para sí. O proposito era ensina-los a confiarem mais em Deus do que nos seus proprios esforços. Jesus viu a sua fome, como algo planejado pelo Pai, e por isso não iria saciá-la, fazendo as coisas por conta propria. Ele tinha deixado de lado o exercício independente do seu poder, como Deus, de maneira que pudesse viver como um ser humano frágil. Ele o fez para poder experimentar as provas da vida, assim como nós. Escolheu depender de Deus, assim como nós. Ele se negou a violar este compromisso só para satisfazer, de forma milagrosa a sua fome. A segunda tentativa de satanás de acabar com a missão de Cristo foi menos sutíl. De forma sobrenatural, ou por meio de uma visão, o diabo levou Jesus ao ponto mais alto do templo. Ele sugeriu que Jesus saltasse de lá, lembrando-o do salmo 91:10-12 "porque a seus anjos dará ordens a teu respeito, para que o protejam em todos os seus caminhos...para que não tropeces em alguma pedra". Talves satanás estivesse sugerindo que a presença de anjos, livrando Jesus da morte certa, iria impressionar tanto as massas ao redor do templo, que as pessoas iriam aceitá-lo instantaneamente como o Messias prometido. Mas Jesus respondeu citando Deuteronômio 6:16 " Não tentarás o Senhor, teu Deus".
A terceira tentativa do diabo de afastar Jesus da cruz, foi mais direta. Foi descarada e ousada. No alto de uma montanha, de novo, seja pelo poder sobrenatural ou por uma visão, o diabo mostrou todos os reinos do mundo para Jesus, dizendo que renunciaria a seus direitos sobre todos eles, sob uma condição: que Jesus se ajoelhasse diante dele em adoração. Ele estava dando a entender, que o fim justifica os meios. Somente um ato de adoração, e Jesus poderia realizar o seu objetivo de tirar, à força, todos os reinos de satanás, sobre os quais ele estava reinando como o "principe" (João12:31; 14:30; 16:11). Jesus não reagiu a esta reivindicação, mas rejeitou a oferta. Ele sabia que o mal nunca poderá ser vencido pelo próprio mal. Mandou o diabo se retirar, citando novamente as escrituras: "Ao Senhor teu Deus adorarás, e só a Ele prestarás culto" (Lucas 4:8 ; Deuteronômio 6:13). Lucas disse: "Tendo terminado todas estas tentações, o diabo o deixou até ocasião oportuna" (4:13). O diabo foi profundamente derrotado, e por isso, deixou Jesus - por aquele momento. Mas sem dúvida, ele tentou de novo, sempre que viu uma oportunidade de persuadir Jesus, de que poderia alcançar o seu objetivo, sem ir para a cruz. Mateus 16:13-28 registra a conversa que descreve uma tentativa de satanás de influenciar a Cristo, por meio das palavras de um amigo achegado. Isso aconteceu aproximadamente no final dos três anos de vida pública de Jesus. Pedro, um discípulo fiel, acabara de fazer uma grandiosa confissão: " Tú és o Cristo, o Filho do Deus vivo" (v. 16). Jesus o elogiou por isso. Mas quando Jesus "começou a explicar aos seus discípulos que era necessário que ele fosse para Jerusalém e sofresse muitas coisas...e fosse morto e ressucitasse no terceiro dia" (v.21), Pedro ficou horrorizado. Como o Deus vivo poderia permitir isso ao seu Filho sem pecado? Assim, Pedro o chamou à parte e começou a repreendê-lo, dizendo: "Nunca, Senhor! Isso nunca Te acontecerá" (v.22). Temos certeza que Pedro estava bem intencionado. Ele amava o Mestre. Ele cria que seu Mestre era o Rei e Messias prometido, que em breve iria estabelecer o seu reino na terra. Por isso ele deve ter se surpreendido pela resposta severa de Jesus: "Arreda, satanás! Tú és para mim, pedra de tropeço, porque não cogitas das coisas de Deus, mas dos homens" (v.23). Que diferença de alguns momentos atrás! Em vez de elogiá-lo, Jesus o repreendeu severamente, até chamando-o de satanás. Pedro se tornou involuntariamente um instrumento do diabo, tentando tudo para dissuadir Jesus de ir para a cruz.
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